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Uma ação integrada feita pela Prefeitura de Cuiabá e Polícia Militar ofereceu atendimento e tratamento aos dependentes químicos do bairro Pedregal, nesta quinta-feira (03). A abordagem, que aconteceu de forma sutil e cuidadosa, foi feita por duas equipes das unidades do Centro de Referência e Assistência Social Norte e Sul (CREAS) e teve o objetivo de orientar os usuários psicologicamente e dar suporte aqueles que possuem o interesse de se curar. Ao final da manhã, duas pessoas aceitaram o tratamento e foram encaminhadas por uma equipe da Secretaria Municipal de Ordem Pública para as comunidades terapêuticas. No total, 14 pessoas foram atendidas.

“A ação não ocorreu de forma ostensiva, pois isso poderia afugentar os dependentes abordados. Para evitar conflitos e repressões, agimos cuidadosa e tranquilamente, mostrando que estamos aqui para dar suporte e auxílio. Conquistar a confiança dessas pessoas é o que permitirá que elas aceitem o tratamento. Percebemos o desejo em muitos, mas o medo e a incerteza os impede de dar esse passo e é por isso que o número de adeptos ao processo de cura é pequeno. Mas estamos satisfeitos com o resultado do trabalho de hoje. Duas vidas foram resgatadas, o que já fez todo o nosso esforço valer a pena”, revelou Wilson Robson Gióli, coordenador do CREAS Norte.

Além do atendimento psicológico, as equipes de abordagem também orientaram os dependentes quanto ao exercício da cidadania, os alertando sobre os perigos da condição em que vivem e sobre supostos atos de vandalismo realizados por alguns.

“Essas pessoas vivem à margem da sociedade e não compreendem questões básicas ligadas ao convívio em comunidade e o quanto se expõe às doenças e infecções vivendo no estado em que estão. A qualidade de vida é extremamente precária e esse cuidado que oferecemos aqui é para retira-las desse estilo de vida nocivo, mostrando que há alternativas muito melhores”, afirmou Zilmar Dias da Silva, secretário-adjunto de Segurança da Secretaria de Ordem Pública de Cuiabá.

A sutileza na abordagem é tão crucial para a receptividade dos usuários de drogas que movimentos bruscos ou até mesmo o tom de voz adotado pelas equipes em ação podem contribuir negativamente para a aceitação do tratamento de cura. Segundo Leila Pena da Silva, monitora do CREAS Norte e uma das responsáveis por esse trabalho, o atendimento deve ser persuasivo e compreensivo, mostrando que esta é melhor alternativa, uma vez que aqueles que aceitam o encaminhamento não são enquadrados judicialmente. Gerar uma afinidade entre o dependente e o assistente social é também fundamental para o sucesso das ações.

“Quando nos aproximamos, vamos apresentar uma proposta de vida completamente diferente da que eles levam, algo que muitos nem se recordam dado ao tempo que estão nas ruas. E, honestamente, eles enxergam sua realidade como positiva. Afirmam que não são incomodados, que sua presença intimidadora em lanchonetes e padarias os garante alimento diariamente e não há regras para as quais devam se submeter. Eles possuem uma perspectiva distorcida do processo de cura, esperando que apenas remédios resolvam seu problema, sem compreender que a dimensão é muito maior. Precisamos ser convincentes, sem sermos inconvenientes”, falou.

Além das 14 pessoas atendidas nesta manhã, outras pediram o retorno da equipe na próxima semana para reavaliar a possibilidade de aceitarem ou não o tratamento. Com isso em vista, a Prefeitura optou por estender a ação integrada semanalmente para todo o mês de dezembro.

Para recepcionar os interessados na cura, a Secretaria Municipal de Ordem Pública estabeleceu uma parceria colaborativa com duas comunidades terapêuticas, intituladas Paraíso e Lar Cristão. O apoio mútuo consiste nas instituições receberem os dependentes e em contrapartida o município garante a realização de exames laboratoriais, encaminhamentos para unidades de saúde e emissão de documentos pessoais.