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Ordem Pública / Contra a dengue

30 de Novembro de 2015 15h21

Prefeitura poderá entrar em casas fechadas para combater mosquito

RAFAELA GOMES CAETANO

Marcos Vergueiro

Arquivo

Uma ação preventiva está sendo definida pela Prefeitura de Cuiabá para o combate ostensivo de focos de dengue. Além de alertar a população sobre os graves riscos da picada do mosquito Aedes aegypti, os agentes de combates às endemias e a equipe de fiscalização da Secretaria Municipal de Ordem Pública avaliam a possibilidade de emitir um decreto que garanta ao município plenos poderes para fiscalizar residências e terrenos baldios com ou sem a autorização do proprietário.

“Nosso objetivo não é comprometer a integridade dos donos dos imóveis, tão pouco constrange-los diante de uma fiscalização obrigatória. De fato, o que queremos é proteger o cidadão e todos aqueles que moram na mesma região. Estamos acompanhando a grande incidência de casos de dengue ao redor do país, além da ação do Zika Vírus, que teve sua relação com a microcefalia confirmada pelo Ministério da Saúde. A fim de evitar uma possível epidemia na capital, principalmente nesta época do ano onde há número maior de ocorrências e futuros casos envolvendo este novo vírus, queremos operar de maneira intensa e ininterrupta”, afirma Eduardo Henrique de Souza, secretário municipal de Ordem Pública.

Para que a ação ostensiva ocorra de forma legal, a prefeitura vai solicitar uma determinação judicial através do Ministério Público Estadual, que concede este tipo de autorização em casos onde há o risco ou a existência de uma epidemia. Para Alessandra da Costa Carvalho, coordenadora do Centro de Zoonoses, esta postura se faz válida e pertinente mediante a grande quantidade de proprietários que ocupam a lista de pendentes, que consiste naqueles que recusam a visita dos agentes e da equipe de fiscalização.

“O número de pessoas que rejeita a orientação e auxílio das nossas equipes está entre 17% e 20%, algo considerado altíssimo. É importante que todas as casas estejam disponíveis para visitas, pois muitos desconhecem o plano de voo do mosquito, que é de 400 metros, o que permite que mais pessoas sejam expostas ao risco. Isso significa também que é possível que ele procrie em um terreno e percorra boa parte da região, atingindo outros moradores que não estejam, necessariamente, no mesmo metro quadrado”, conta Alessandra.

Outro problema que motivou a operação preventiva é a falta de atenção de alguns proprietários em relação às recomendações realizadas pela Prefeitura de Cuiabá. De acordo com o secretário-adjunto de Fiscalização, Noelson Carlos Silva Dias, muitos não tomam as medidas cabíveis para combater os focos de dengue em seus próprios imóveis, o que dificulta o trabalho dos agentes e fiscais.

“Em alguns casos os donos recebem as equipes, mas não cumprem com sua parte. Deixam o terreno à deriva, sem qualquer tipo de cuidado, e ignoram as diretrizes ministradas pelos agentes. A partir do momento que temos o aval para fiscalizar com veemência sem restrições dos proprietários, seremos capazes de erradicar o mosquito do dia-a-dia das comunidades cuiabanas. Além disso, este decreto implicará também em uma punição para aqueles que possuírem piscinas sem qualquer tratamento e deixarem caixas d’água destampadas ou sem outro tipo de proteção”, diz.

 

Uso de drones

Para auxiliar todo esse trabalho ostensivo ainda em fase de elaboração, a Prefeitura de Cuiabá está cogitando a possível aquisição de drones na fiscalização de terrenos baldios e imóveis. A ferramenta permite filmar o território percorrido pelo aparelho, captura de imagens e garante que o equipamento vá a lugares de difícil acesso para as equipes. O aparelho possui alcance de até dois quilômetros, sendo que em perímetro urbano é necessário que ele esteja dentro do campo de visão, para evitar eventuais contratempos que possam danifica-lo.

“O drone permite, por meio da geolocalização e da captura de imagens, que haja o cruzamento de dados com o sistema municipal, que reúne todos os proprietários de imóveis na Capital. Com a constatação de alguma irregularidade, o registro feito pelo aparelho vai sinalizar sua localização, permitindo que o proprietário seja facilmente encontrado através do nossa base de dados e autuado”, conclui Henrique de Souza.