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Mulher / ENTREGA LEGAL/ COMITÊ

29 de Abril de 2022 15h12

Secretaria Municipal da Mulher cria comitê para debater sobre “Entrega Legal”

JULIA MILHOMEM BATISTA

Davi Valle

Arquivo

Uma gravidez indesejada pode levar uma mulher a atos desesperados. São abortos ilegais, recém-nascidos abandonados nas ruas ou em matagais. Foi pensando em amparar as gestantes que pretendem entregar seus filhos para adoção que, na tarde desta sexta-feira (29), se reuniram na sede da Secretaria Municipal da Mulher, representantes do judiciário, da saúde, assistência social, Hospital Santa Helena e Júlio Muller, além de integrantes da Associação Matogrossense de Pesquisa e Apoio à Adoção- AMPARA, para debaterem sobre a “entrega legal”, ou a “entrega voluntária, que consiste na possibilidade de uma gestante ou mãe entregar seu filho ou recém-nascido para adoção em um procedimento assistido por uma rede multidisciplinar.

 

A partir da exposição do projeto pela equipe técnica e dos esclarecimentos acerca das questões jurídicas, estabeleceu-se um debate produtivo com os participantes no sentido de articular toda a rede em prol de oferecer um serviço de acolhimento, apoio e orientação às mulheres/mães que desejam entregar seus filhos em adoção, favorecendo a reflexão sobre o processo de decisão e sobre a importância da entrega responsável e consciente.

 

De acordo com a secretária municipal da mulher, Cely Almeida, ao contrário do que muita gente pensa, a mãe que entrega um filho para adoção não comete crime, a lei permite a entrega para garantir e preservar os direitos e interesses do menor. Ela destaca que essa é a preocupação de todos os envolvidos e principalmente da primeira-dama, Márcia Pinheiro, em oferecer toda rede para que essa mulher não tome atitudes que possam gerar graves problemas.

 

“A mãe que deseja fazer a entrega legal não deve ser julgada, mas sim amparada, pois está tomando uma atitude responsável e demonstrando interesse em oferecer à criança melhores condições de crescimento e desenvolvimento, ao invés de optar por medidas dolorosas, como o aborto, o infanticídio ou o comércio de crianças. Por isso fiz questão de intermediar esta reunião com a certeza de que vamos avançar”, explica.

 

Para a secretária municipal da saúde, Suelen Alliend, este é um momento importante para toda sociedade, já que constantemente a equipe da atenção primária se depara com mulheres e meninas que não tem intensão nem de seguir com a gravidez ou de ficar com a criança.

 

“Neste primeiro encontro decidimos iniciar com um projeto piloto, onde capacitaremos uma equipe para identificar essas mulheres. Graças a nossa gestão humanizada, temos todo o aparato para desenvolver essa ação”. 

 

Durante a fala da juíza Amini Haddad, foi ressaltado a importância deste coletivo, em criar uma rede informativa, chamando a OAB, conselhos femininos que possam auxiliar nas ações, desenvolver uma cartilha especifica para evitar a gravidez precoce.

 

“Precisamos não julgar essas mulheres, até porque elas estão em uma situação que não conseguimos medir. Acredito que esse papel que está sendo concretizado hoje é fundamental para a sociedade e que todos estejam engajados, iremos precisar de todos os setores que estão presentes aqui. Também coloco o Núcleo de Estudos Científicos, sobre vulnerabilidade, a disposição onde possamos trabalhar com números percentual de atendimento, os encaminhamentos procedidos”, explica.

 

Segundo a presidente da AMPARA, Daisy Guilen, o trabalho da associação dentro do comitê é colaborar em todos os sentidos no acolhimento da mãe e da criança na hora da adoção. Ela descreve que este momento em que a mulher toma a decisão de entregar o filho é um processo difícil em que será importante o trabalho em conjunto onde passe segurança para que essa mulher não sofra consequências e não seja julgada nem criminalizada por isso.

 

“Esta criação de um comitê é de extrema importância para a sociedade, ele garante para mãe todos os serviços ofertados, desde o pré-natal, acompanhamento psicológico, dentre outros. Estamos felizes em participar do início deste projeto”, fala.

 

Por fim, a representante do Ministério Público do Estado, a assistente social, Franciene Lara Zuchin,  descreve sobre a importância desta reunião onde a articulação de todas as instituições que estão presentes é fundamental para garantir o direito tanto da mulher referente a saúde, a assistência social, quando ela opta pela entrega legal que é um direito garantido por lei e que ainda não é muito conhecido pela sociedade geral e tanto da criança como do adolescente que não vai ficar expostos a situações de risco, como o aborto clandestino.

 

 “Estamos aqui para garantir os direitos tanto da mulher como da criança e adolescente”, finaliza.